segunda-feira, 2 de março de 2009

Lobisomem

J. estava nervoso com as constantes turbulências durante o voo. Não que isto lhe trouxesse qualquer medo, mas sim por atrapalhar sua leitura. O livro vivia por escapar entre seus dedos, ou então o marcador fujão que escorregava, atrevendo-se fazer-lhe perder a página de leitura.

Quando a aeronave pousou, ele sentiu o alívio da viagem concluída, e a expectativa por conhecer alguém até então virtual. Foram alguns meses em conversas pelo "msn" até o convite dela. Era uma jovem muito atraente. Tinha estatura média, seios salientes, e um corpo cheio de curvas, tão sinuosas e perigosas quanto a estrada que leva ao litoral.

Ela havia realizado uma reserva numa pousada, com cabanas rústicas. Lá J. pode conferir o prazer da carne tenra, dos seus lábios adocicados, da sua pele macia e sedosa. O perfume dos cremes e essenciais entravam em suas narinas como um convite ao arrependimento.

Enquanto a jovem adormecia desnuda, saciada pelo carinho a ela dedicada, J. a contemplava. Seu coração se enchia de indagações. Ele era um homem sozinho, e nunca se aproveitara de tanta luxúria, e de tanta beleza como naquela noite. Os olhares dos amantes se cruzavam, regozijando-se em agradecimentos mutuamente. J. senta remorso pelo que teria de fazer.

Andou nu, de um lado ao outro da cabana, até acalmar seus pensamentos e criar coragem para fazer o que tinha se programado. Foi até a mochila jogada sobre a mesa. Ele carregava estranhos objetos para alguém que pretendesse apenas um encontro de amor.

A navalha, até era algo bem usual, frente a estranha luva de pêlos, e dedos com garras de animais. Mas nada superava a cabeça de um cachorro, que sacou entre seus guardados, além de um falo canino.

Com a navalha, ele fez um corte quase imperceptível em seu pescoço, o qual foi ainda mais deflorado pelas garras de sua luva, que passou a riscar todo o delicado corpo da jovem. A este ponto ela já estava morta, mas ele ainda arrematou seu trabalho cravando os dentes do cão, causando-lhe mas mais marcas. Não contente invadiu o corpo desfalecido com o membro canino, deixando seu dna.

Ainda com remorso, teve calma para limpar os vestígios de sua presença na cabana, a saiu despercebido, guarnecido pelas sombras de uma noite sem luar.

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