sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A terra de um homem só.

A luz alaranjada abria espaço entre os troncos dos velhos carvalhos do bosque. Nestas nesgas luminosas as sombras recuavam, revelando ao pequeno ser alado o pequeno e exótico vilarejo, que se estendia na vertical do tronco, de uma das maiores árvores do bosque. Erguidos sobre três copas de cogumelos, a pequena vila se mostrava especialmente silenciosa naquele anoitecer....

O ser alado, de feições doces e tão femininas, quanto as mais belas mulheres de fora da floresta encantou-se com o lugar, que lhe parecia tão calmo e amigável. Escadas de madeira elevavam-se até as copas dos fungos que serviam de base á sua arquitetura. Na copa maior, e mais próxima ao solo, um conjunto de chalés cujas telhas em formato de “A” quase tocavam o chão, e seguiam em fileira, culminando seu fim próximo ao caule, onde entre eles restava uma velha casa feita de pedras. Na copa intermediária uma igreja imponente se erguia, e abria caminho para a menor das três copas, onde um velho e pequeno castelo sem impunha sobre a comunidade, com um amplo jardim.

Laurian era o nome do ser que voava perdida pelo bosque. Sua estatura era mínima, mas mantinha a formosura e as curvas de uma mulher comum, e passaria despercebida, não fosse sua pequena estatura, e as asas que a permitiam voar. Desde jovem, quando ainda gozava de seu primeiro centenário, era curiosa. Por isso quis chegar ao estranho vilarejo, do qual jamais ouvira falar.

Resolveu descansar suas asas e pôs-se a caminhar sobre a maciez da copa dos cogumelos. As luzes estavam acesas, nas casas, na igreja, e em uma das torres do castelo, onde dois pontos luminosos podiam ser avistados. Porém não havia sequer um único habitante dali dispostos a enfiarem o nariz para fora da porta. Pelo menos foi o que pensou Laurian, num primeiro momento.

Sua idéia foi logo desfeita ao perceber um dos chalés com as portas abertas. Chamou pelos proprietários até cansar sua voz e não ser atendida. Vencida pela curiosidade invadiu a casa. Estava vazia, sem qualquer habitante. Mas estranhamente, estava organizada como se seus donos recentemente houvessem saídos de casa. Até mesmo a mesa posta para o jantar os aguardava. Foi quando resolveu sair antes que chegassem e a vissem bisbilhotando onde não fora chamada. Percebeu que todos os chalés se encontravam da mesma forma. Aguardando por seus donos.

Devem estar na Igreja. Pensou. Subiu pela escada, e pelas escadarias do templo, mas não ouviu uma oração sequer. Abriu as portas, e nada. Nem mesmo o padre estava lá. O odor do sereno misturado ao do mistério que envolvia aquele anoitecer a impulsionava ir mais adiante. O castelo. Só podiam estar ali. Onde teriam ido senão a um grande baile real.

Com as portas destrancadas, o castelo, que para Lauriam era imenso, construído em pequenas peças de tijolos mais parecia a uma fortaleza, que ao castelo de um rei. Surpreendentemente também estava vazio. Lembrou-se a jovem das luzes acesas, e subiu ao segundo andar, chegando a um corredor ladrilhado por mármores coloridos, e iluminados por grossas velas. Este corredor dava a um grande salão, que ao fundo ostentava um trono cravejado em ouro e prata, em que repousava um ser de aspecto envelhecido e raivoso. Não se podia ver um sorriso sequer nas feições daquele pequeno homem, cuja pele se compunha de um alaranjado capaz de passar uma estranha sensação de calor a nossa pequena Lauriam.

O Rei solitário não respondeu uma pergunta sequer da menina alada. Mantinha seu silêncio e seu rosto fechado. Espantando a curiosidade, e dando lugar ao medo a jovem virou seu corpo para a saída. Foi quando o homem fez seu único gesto, acionando um botão que desencadeou uma série de ações engenhosas, finalizando na prisão de Lauriam numa gaiola construída por pequenos galhos. A gaiola foi levada ao terceiro andar da torre, onde a jovem deveria aguardar por seu inglório destino.

Pedindo por socorro sem ser escutada, Lauriam sequer viu as lágrimas que corriam pela densa barba de seu algoz. Sentia remorso, pelos seus atos. E a visão doce daquela jovem, fazia brotar o resto de bons sentimentos que lhe restavam. Porém sabia o Rei que as águias noturnas eram intolerantes, e não aceitariam que ele quebrasse acordos. Precisava de proteção ao seu reino de um homem só. Reino que na verdade era uma grande armadilha apresentada a viajantes curiosos. Sempre fora apenas ele. Mais ninguém. Era sua vida que dependia daquilo, e or mais remorso que sentia naquela noite, Lauriam seguiria com o restante da carga destinada ao pagamento de seu contrato com as águias. Afinal sua existência solitária dependia da curiosidade dos viajantes da floresta.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A nova sensação do terror lança o livro A caveira

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O reino de um Rei só!

A luz alaranjada abria espaço entre os troncos dos velhos carvalhos do bosque. Nestas nesgas luminosas as sombras recuavam, revelando ao pequeno ser alado o pequeno e exótico vilarejo, que se estendia na vertical do tronco, de uma das maiores árvores do bosque. Erguidos sobre três copas de cogumelos, a pequena vila se mostrava especialmente silenciosa naquele anoitecer.

O ser alado, de feições doces e tão femininas, quanto as mais belas mulheres de fora da floresta encantou-se com o lugar, que lhe parecia tão calmo e amigável. Escadas de madeira elevavam-se até as copas dos fungos que serviam de base á sua arquitetura. Na copa maior, e mais próxima ao solo, um conjunto de chalés cujas telhas em formato de “A” quase tocavam o chão, e seguiam em fileira, culminando seu fim próximo ao caule, onde entre eles restava uma velha casa feita de pedras. Na copa intermediária uma igreja imponente se erguia, e abria caminho para a menor das três copas, onde um velho e pequeno castelo sem impunha sobre a comunidade, com um amplo jardim.

Laurian era o nome do ser que voava perdida pelo bosque. Sua estatura era mínima, mas mantinha a formosura e as curvas de uma mulher comum, e passaria despercebida, não fosse sua pequena estatura, e as asas que a permitiam voar. Desde jovem, quando ainda gozava de seu primeiro centenário, era curiosa. Por isso quis chegar ao estranho vilarejo, do qual jamais ouvira falar.

Resolveu descansar suas asas e pôs-se a caminhar sobre a maciez da copa dos cogumelos. As luzes estavam acesas, nas casas, na igreja, e em uma das torres do castelo, onde dois pontos luminosos podiam ser avistados. Porém não havia sequer um único habitante dali dispostos a enfiarem o nariz para fora da porta. Pelo menos foi o que pensou Laurian, num primeiro momento.

Sua idéia foi logo desfeita ao perceber um dos chalés com as portas abertas. Chamou pelos proprietários até cansar sua voz e não ser atendida. Vencida pela curiosidade invadiu a casa. Estava vazia, sem qualquer habitante. Mas estranhamente, estava organizada como se seus donos recentemente houvessem saídos de casa. Até mesmo a mesa posta para o jantar os aguardava. Foi quando resolveu sair antes que chegassem e a vissem bisbilhotando onde não fora chamada. Percebeu que todos os chalés se encontravam da mesma forma. Aguardando por seus donos.

Devem estar na Igreja. Pensou. Subiu pela escada, e pelas escadarias do templo, mas não ouviu uma oração sequer. Abriu as portas, e nada. Nem mesmo o padre estava lá. O odor do sereno misturado ao do mistério que envolvia aquele anoitecer a impulsionava ir mais adiante. O castelo. Só podiam estar ali. Onde teriam ido senão a um grande baile real.

Com as portas destrancadas, o castelo, que para Lauriam era imenso, construído em pequenas peças de tijolos mais parecia a uma fortaleza, que ao castelo de um rei. Surpreendentemente também estava vazio. Lembrou-se a jovem das luzes acesas, e subiu ao segundo andar, chegando a um corredor ladrilhado por mármores coloridos, e iluminados por grossas velas. Este corredor dava a um grande salão, que ao fundo ostentava um trono cravejado em ouro e prata, em que repousava um ser de aspecto envelhecido e raivoso. Não se podia ver um sorriso sequer nas feições daquele pequeno homem, cuja pele se compunha de um alaranjado capaz de passar uma estranha sensação de calor a nossa pequena Lauriam.

O Rei solitário não respondeu uma pergunta sequer da menina alada. Mantinha seu silêncio e seu rosto fechado. Espantando a curiosidade, e dando lugar ao medo a jovem virou seu corpo para a saída. Foi quando o homem fez seu único gesto, acionando um botão que desencadeou uma série de ações engenhosas, finalizando na prisão de Lauriam numa gaiola construída por pequenos galhos. A gaiola foi levada ao terceiro andar da torre, onde a jovem deveria aguardar por seu inglório destino.

Pedindo por socorro sem ser escutada, Lauriam sequer viu as lágrimas que corriam pela densa barba de seu algoz. Sentia remorso, pelos seus atos. E a visão doce daquela jovem, fazia brotar o resto de bons sentimentos que lhe restavam. Porém sabia o Rei que as águias noturnas eram intolerantes, e não aceitariam que ele quebrasse acordos. Precisava de proteção ao seu reino de um homem só. Reino que na verdade era uma grande armadilha apresentada a viajantes curiosos. Sempre fora apenas ele. Mais ninguém. Era sua vida que dependia daquilo, e or mais remorso que sentia naquela noite, Lauriam seguiria com o restante da carga destinada ao pagamento de seu contrato com as águias. Afinal sua existência solitária dependia da curiosidade dos viajantes da floresta.