quinta-feira, 26 de julho de 2007

Lingerie vermelha, e quatro notas de cinquenta

Ribamar estava no auge do prazer. Naquela tarde todos seus desejos se realizavam. Estava sendo amado, querido. Suas vontades mais secretas eram saciadas pela estonteante dona daquela lingerie. Vermelha, quente como a paixão, ardente qual o fogo.

Aninha era moça. Seu corpo exalava o mais puro desejo. Cabelos longos e louros, silueta bem desenhada, e mãos carinhosas. Sem dúvida uma pessoa especial. Parecia adivinhar as vontades do velho Ribamar. As rugas do rosto, e os olhos fundos denunciavam anos de esquecimento por qual passaram o pobre homem.

Mas naquela doce tarde, ele sentia novamente o arder de seu sangue nas veias. Vivia numa outra dimensão, a que não existiam os problemas e as amarguras de anos vividos. Tudo podia ser esquecido dentro daquelas quatro paredes.

Vendo o brilho nos olhos do velho, Aninha sentia-se feliz. Um sorriso é tão raro, que aquele até chegara a lhe cativar. E assim ela prosseguia, dando ao homem o que ele sempre buscara. Um instante de luxuria, de pecado, para após se redimir com alegria. Afinal, há pecado no prazer? Se assim fosse queriam pecar, e pecar...

Foram minutos, horas talvez, enfim não se podia contar o tempo. Os corpos ardentes se amaram de todas as formas possíveis, até Ribamar sucumbir ao gozo final, ao auge de um prazer que jamais tivera em toda sua vida. Nem mesmo com Graça, seu primeiro grande amor. Como um Rei descansou inerte sobre o ventre da mulher, descansando seu corpo saciado pelo desejo.

Ficou por um tempo daquela maneira. Até que o sono por fim o venceu, um sono feliz, que foi interrompido por um leve toque. Era Aninha, já reposta e ornada pela lingerie vermelha. Ribamar olha-a com agradecimento, ergue-se, veste suas roupas, vai até a porta, e num impulso beija-a com fervor. É a despedida final. Um agradecimento. Abre a porta. Antes de irromper a rua, põe sobre uma penteadeira quatro notas de cinqüenta, e vai embora feliz...

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