terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Chip do orgasmo


O professor Licurgo estava empenhado a terminar seu novo invento. Algo que revolucionaria os relacionamentos. Era a solução perfeita para as mulheres que passavam por uma vida inteira sem sentir o prazer do sexo, e um alivio para homens que já não aguentavam dissimulações e falsos gemidos na hora do “amor”. Foram quase uma década de pesquisa. O trabalho fora encomendado por uma secreta sociedade feminina, cansada do desprezo e do egoísmo machista nos momentos mais íntimos. “Eureka”! Bradou o velho professor, e estava pronto seu invento, o Chip do Orgasmo, o simplesmente PSC-O, como denominava seu projeto.

Licurgo admirava sua invenção, mas logo veio uma necessidade. Não bastava os dados virtuais, e assim gritou pelo nome de Claudete. Era uma moça formosa, que há uns dois anos trabalhava como sua secretária. As más línguas falavam, que a moça fora contratada pelo seu rosto bonito e pelo rebolado das ancas largas, que propriamente por sua inteligência. O professor pôs então o Chip na mulher, e para sua surpresa viu a pele de Claudete corar, e sem demora ela se contorcia como uma cobra, jogando-se nua sobre um sofá no canto direito da sala. A moça gritava, urrava, gemia, proferia palavras tão obscenas, que o professor jamais ousou a falar. Ela ficou por mais de hora naquele extase, até sentir seu corpo desfalecer, saciada de seu desejo a tanto tempo reprimido. “Funciona, mas tem um defeito”. Pensou o professor, que retirou o Chip e voltou ao laboratório.

O Cientista estava admirado pelo resultado, mas uma coisa o incomodava. Era tal o estado de prazer de Claudete que ela esquecera do mundo, inclusive da companhia, afinal vocês não acham que o professor pôs o Chip na secretária, pelo bem da ciência. Ele ficou ensandecido, por todo aquele tempo ele esperava pela oportunidade de “tirar uma casquinha”. No entanto ele não teve muito tempo para corrigir os problemas, pois o laboratório foi invadido por uma dezena de homens mascarados, usando toucas com um brasão secreto. Na verdade pertenciam a uma sociedade masculina, que ao saber dos avanços do professor decidiram acabar com seus estudos, afinal, o PSC-O em larga escala seria os esquecimento dos homens por completo, que perderiam qualquer utilidade, e ficariam relegados ao ostracismo. Temiam que as mulheres tendo a opção de escolher entre o certo e o duvidoso, logo optariam pela primeira opção. Vendo as chamas consumirem o laboratório o professor Licurgo chorava qual criança, pensando nos anos de dedicação, e a oportunidade que perdera com a Claudete.

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