quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Vampiro

A luz tenue envolvia em sombras J. Uma consoante apenas era sua identificação. Ninguém sabia seu nome por completo. Entre seus hábitos a música clássica, que ouvia em volume alto. Sobre a mesa ao centro da sala, livros espalhados, e seu corpo espahado sobre o sofá. Quando terminou a leitura ele levantou-se lentamente e foi até seu quarto vestir sua roupa negra, da cabeça aos pés. Apenas parte de sua face ficava a mostra, pois até seus cabelos estavam cobertos por uma boina preta.

Antes de sair, deu uma olhadela no livro que acabara de ler e partiu para a rua. Foi até um restaurante, onde sentou-se, pedindo ao garçom um água tônica. Bebia sua água vagarosamente enquanto analisava cada um dos frequentadores de bar.

Um jovem, em específico lhe chamou a atenção. Era um rosto conhecido, embora anônimo. J. o conhecia, mesmo que superficialmente. O garoto estava com uma turma de amigos, bebendo cerveja e saboreando um prato de picadinho. "Mais uma tônica." Pediu J.

A madrugada nascia com seu aroma doce da brisa que tocava seus rostos. J. bebia sua quarta garrafa de tônica, e com o bar quase vazio o jovem era um dos poucos que permanecia ali. Até mesmos seus amigos já tinham ido embora. Em determinado ponto da madrugada apenas os dois traziam incomodo aos garçons, desejosos pela maciez de suas camas.

"A conta." falou o jovem. Ele pagou e partiu um tanto cambaleante. J. fez o mesmo, dando certo tempo de vantage ao jovem. Pagou suas seis garrafas de tônica e foi na direção que seguira o garoto. A passos sorrateiros J. se esgueirava entre prédios sombrios e lúgubres perseguindo o garoto como se este fosse uma presa. Bêbado, a vítima não percebia o perigo iminente que lhe assombrava.

Num beco, J. finalmente atacou o garoto. Com um lenço umedecido com éter, ele não ofereceu resistência. J. estudara minunciosamente seus passos. Sabia que a cada sexta-feira, o caminho do jovem escritor era traduzido numa rotina monotona. Por isso sabia onde atáca-lo.

Levou-o para um lugar no beco onde deixara seu material escondido. Uma maleta com seringas e um estranho aparelho de sucção que conectou a veia arterial do jovem, bombeandos seu sangue para uma embalagem plástica. Levou cerca de duas horas para que o jovem desfalecer, tendo seu corpo murcho, sem resquício algum de sangue. J. friamente vendo o cadáver, pegou uma de suas seringas, e fez dois furos em seus pescoço.

O estranho homem observou sua vítima, contemplando-a como se esta fosse uma obra de arte. Ficou nesta posição alguns minutos até saircom uma vasilha cheia de sangue humano, que se desfez numa das ruelas da periferia, onde cães famintos não deixaram uma única gota na terra batida.

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