sábado, 20 de junho de 2009

Despedida

Chovia naquela tarde de nuvens rebuscadas. Mas a fina e fria garoa não tocava meu corpo. Devia fazer frio, mas com este eu havia acostumado na marra. Não fazia muito que o calor e a seiva do sangue tinham condições de me esquentar.

Poucas pessoas é bem verdade, mas muito, por tudo que eu trilhara, estavam ali. Muito menos ainda, deixavam-se dominar por lágrimas, mas que bom que estas existiam, afinal, não eu assim alguém tão mau.

Uma mulher em especial, derramava mais lagrimas que os demais todos juntos. Suas lágrimas explicitavam a minha falta de coragem, e a minha ambição. E mesmo com todos estes defeitos, e que estes mesmos vícios a tivessem afastado, ali estava ela.
Mais velha, logicamente, mas com a mesma beleza, com a mesma elegância... Pecado, não poder ver seu sorriso. A este nunca mais vi igual. As gotas salgadas salpicavam a madeira, recebendo o olhar de menosprezo e ódio de minha esposa, que há muito desistira de nós, a assim tanto lhe fazia a presença dela.

Quando a primeira pá de terra começou a cobrir-me, por segundos pude sentir o calor que outrora corria por minha matéria, e mesmo sabendo que jamais faria o mesmo, ela estivera ali para despedir-se de um canalha, que coberto pelo breu eterno, teria muito tempo para pensar em suas atitudes.

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