quinta-feira, 25 de junho de 2009

Campo dos Mortos

A luz penetrava entre o verde da floresta. Era um verde vivo, e com árvores um tanto esparsas. O caminho era sinuoso e de terra pedregosa, com a cor branca contrastando ao verde que a cercava.

Entre suas curvas o céu azul que nos cobria, vozes ecoavam pedindo ajuda. Eram espíritos, e embora não os visse sentia seus vultos de energia, esvoaçando pelo ambiente aberto. Eram muitas vozes. Tantas que não há como recordar o que diziam. Apenas a lembrança de aflitos pedidos de socorro.

Embora temeroso, continuava pelo caminho, onde uma curva em descida acentuada à direita conduziu-me a um cenário mais trágico. Nele o céu azul não mais se punha sobre mim, e um dia cinzento se dominava por nuvens.

Ao chegar ao plano do terreno, um pântano aterrorizador. A terra úmida e barrenta se cobria de corpos decompostos. Existiam as dezenas, nunca inteiros, apenas partes de vidas que jaziam no putrefato local. Cabeças espalhadas exibiam olhares melancólicos e amendrontados.

Não sentia medo. Talvez repulsa. Não era um cenário agradável. Mesmo assim eu seguia caminhando sobre o campo de mortos, ouvindo o som estalado de meus pés descalços sobre aquelas carcaças humanas que se desfaziam cada vez mais com meu caminhar.

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