segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

NATÉRCIO, O LOBISOMEM CONTRARIADO

Havia quatro homens dentro do bar. Ariovaldo, Natércio, Oliveira e o dono, Joelmir. Passava da meia noite de uma sexta-feira treze, e a chuva torrencial produzia assustadora sonoridade ao se chocar com o telhado da construção rústica e mal acaba. Sobre a mesa de lata estampando propaganda de cerveja uma dúzia de garrafas vazias repousava. Estavam todos bêbados...

Jogavam sinuca, falavam de mulheres, e bebiam... - A última, Joelmir. Disse Natércio, homem que todos tinham por lobisomem. O assunto lhe era desagradável, e Oliveira, o mais pândego entre eles resolveu "cutucar a onça com vara curta". Nesse caso mais propriamente o lobo.

Na verdade nunca se confirmara a hipótese. Ninguém vira a metamorfose, nenhuma testemunha, apenas algumas cabras, e ovelhas dilaceradas pelso sítios vizinhos. Fatos que geraram os boatos, que recaíram sobre Natércio, um homem passado dos cinquenta, meio mulambento, com a barba sempre por fazer, pêlos espalhados por todo o corpo, inclusive nas orelhas. A associação com a fera era inevitável.

- Pois é Ariovaldo, ainda bem que o tempo tá ruim, pois se a lua cheia tivesse clara, eu que não ficaria perto do Natércio. Disse Oliveira. Ariovaldo riu, e Joelmir entrou na conversa. - Qual é o sabor da carne da cabrito, crua, heim Natércio. O homem cerrou o olhar e frangiu as sombrancelhas. - É melhor vocês pararem com este assunto. Disse.

Porém a cachaça e a cerveja normalmente embalam o humor, e els seguiram com a conversa. - Não tem problema, rapaz, pode confessar pros amigos. Mas antes de tu matar os bichinhos? Insinuava um. - Pobre das crianças, basta o companheiro chegar perto que não resta um piá nas ruas. Lembrava outro.

Distraídos na brincadeira, os três não perceberam que Natércio estava vermelho. De raiva certamente. A cerveja já lhe orientava, a o caçoar de seus amigos lhe parecia provocação. Humilhação... - Por favor, me respeitem. Bradou numa última tentativa. Em vão, continuaram com as palavras ostensivas, contra Natércio, o lobisomem.

Então ele empunhou um dos tacos de sinuca de forma firme e obstinada. Suas mãos calejadas não o soltava por nada, e partiu contra cada um de seus amigos. No dia seguinte, quando Adair Correa foi até o bar comprar pão adormecido, encontrou um cenário macabro. Três corpos mutilados tinham seus membros espalhados pelo salão do bar. - Meu Deus! O lobisomem atacou ontem à noite! Disse espantado.

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